terça-feira, 7 de julho de 2009

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

Vinícius de Moraes

2 Comments:

  1. Flávia Azevedo said...
    Imagina que eu deixaria de comentar esse texto lindo do poetinha....

    Dessa Mara a poesia encontrada no seu blog amiga!!

    Parabéns

    Beijos
    Andressa said...
    Que bom que vc veio me visitar Flavinha.

    Adoro poesias!!

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